Embalagem inteligente muda de cor e avisa quando o peixe estragou
Foto: Matheus Falanga
Uma inovação criada por pesquisadores da Embrapa Instrumentação, em São Carlos (SP), pode revolucionar a forma como consumimos alimentos perecíveis, especialmente os pescados. Trata-se de uma embalagem inteligente e biodegradável que muda de cor para indicar o nível de frescor do peixe, permitindo ao consumidor identificar se o alimento está próprio para o consumo, sem precisar abrir o produto ou confiar apenas no cheiro. A mudança de cor acontece graças ao uso de antocianinas — pigmentos naturais extraídos do repolho roxo — incorporadas a mantas de nanofibras produzidas por uma técnica chamada fiação por sopro em solução (SBS).
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A tecnologia foi testada com filés de merluza, armazenados em refrigeração. Em condições reais de armazenamento, o material demonstrou eficácia: após 24 horas, a embalagem já apresentava alteração visível na cor, indicando o início do processo de deterioração. Depois de 72 horas, o tom roxo original dava lugar a um azul intenso, sinalizando que o peixe não estava mais adequado para o consumo. Essa variação de cor ocorre devido à liberação de compostos nitrogenados voláteis, como amônia e trimetilamina, durante a decomposição do pescado, que alteram o pH do ambiente e, consequentemente, a coloração da embalagem.
Além de oferecer um método prático e visual de monitorar a qualidade do alimento, a embalagem tem como diferencial sua sustentabilidade. É produzida com materiais biodegradáveis e pode incorporar resíduos agroindustriais, como o próprio repolho roxo, o que reduz impactos ambientais e promove a economia circular. A pesquisa ainda abre portas para o uso da mesma tecnologia com outros tipos de pescados e frutos do mar, contribuindo diretamente para a segurança alimentar e o combate ao desperdício.
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Segundo os pesquisadores, essa é uma solução inovadora, de baixo custo e com grande potencial de escalabilidade industrial. Em um cenário em que cerca de um terço dos alimentos produzidos no mundo é perdido ou desperdiçado, tecnologias como essa podem representar um avanço importante para a cadeia produtiva do pescado. O projeto integra a Rede de Pesquisa em Qualidade e Segurança do Pescado da Embrapa e foi apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). O próximo o da pesquisa será ampliar a aplicação da embalagem para outras espécies de peixes e testar sua adaptação em diferentes condições de armazenamento e comercialização.
Fonte: Embrapa
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